O professor universitário Víctor Hugo Cárdenas, líder da oposição ao governo boliviano, teve sua casa invadida por indíos partidários do Presidente Evo Morales. Sua mulher, filha de 16 anos e filho de 24 anos, foram apedrejados, espancados e chicoteados em praça pública.
A Assembléia Nacional Constituinte, aprovada recentemente no país, que foi votada sorrateiramente na calada da noite e apresentada pelo Presidente Boliviano por meio de um texto pronto, remonta a tradição de se reallizar tribunais comunitários, com as antigas punições indígenas. Nesses tribunais não existem a possilidade de qualquer recurso ou apelação.
Em nome desse pseudo nacionalismo socialista, que a família do principal opositor de Evo Morales foi linxada em praça pública e passou dez dias hospitalizada. Obviamente não faltarão defensores desta prática, já que a direita conservadora na Bolívia aplicava violência semelhante aos seus adversários, o exemplo mais recente é o Massacre do Pando em 2003, e inúmeros outros genocídeos já tratados aqui neste Blog.
É comum no imaginário político dos países da América do Sul, enxergar um governo ditatorial de esquerda como algo positivo, e que um governo de ditatorial de direita é algo prejudicial. Para os revolucionários, trata-se de uma questão estritamente ideológica, o que legitima um estado a censurar liberdade de expressão, impor castigos físicos, surprir o direito a vida e etc. Na Venezuela, tudo começou com um nobre ideal, e agora parlamentares Chavistas entram em emissoras de TV e espacam jornalistas ao vivo em rede nacional.
É indesejável dar tanto poder ao Estado, seja ele de direita ou esquerda. Não conheço nenhuma ditadura que não se iniciou com agumentos legítimos. Aos poucos são criadas leis que limitam o conteúdo dos programas de rádio e TV. Tudo que é contrário ao governo torna-se reacionário ou subversivo ( dependendo da inclinação ideológica do governo, seja mais para esquerda ou mais para direita). Depois limitam-se os poderes da república, fecham-se parlamentos, controlam o judicário. Quando você se dá conta do que fizeram, já estão na sua casa. Queimando os seus livros, detruindo seus discos e colocando um coturno bem no meio de seu rosto. Você não pode fazer nada, o estado controla do arcabouço de instituições democráticas que podiam te defender (judiciário, legislativo e a imprensa), se você não tivesse dado tanto poder a eles.
Se o poder corrompe, o poder ilimitado corrompe ilimitadamente. É perigoso incentivar essas práticas. O governo do presidente Lula frequentemente faz isso, diz que há democracia no governo da Venezuela e na Bolívia. Argumenta que a reeleição indefinida nesses países é legítima, pois foi aprovada por meio de referendo popular, que autorizava a realização de uma Assembléia Nacional Constituinte para deliberação da releição indefinida, além de outras supressões nos poderes judiciário e legislativo.
Bom se o raciocíonio do presidente está correto, então devemos considerar que o Iraque de Sadam Hussein era um país democrático. Sim, e por quê não? Uma repúlbica presidencialista com reeleição indefinida para presidente.
Um plebiscito não legítima esses países que se auto-denominam democratas, por que democracia pressupõe outros princípios básicos, como por exemplo: livre imprensa, poderes independentes, alternância de poder e respeito à dignadade da pessoa humana. Acredito que tanto o totalitarismo de esquerda como de direita são idênticos. Um é apenas a imagem invertida do outro em um espelho distorcido.
Recentemente, o PT lançou uma campanha para recolher assinaturas para realização de um plebiscito que trata da reforma política, através de uma Assembléia Nacional Constituinte Específica. O problema que se o tema for tratado por Constituinte, qualquer assunto relacionado a eleições pode entrar nesse texto, inclusive a reeleição indefinida. É assim que foi feito na Venezuela, Bolívia e Equador, e é assim que querem fazer aqui. É como se a população desse um cheque em branco aos políticos.
Pode parecer másculo, heróico, romântico e sedutor a imagem de um revolucionário, seja nas telas do cinema, ou para estampas de camisetas. Mas o que vejo é apenas o velho clichê do macho sul-americano, uma idéia ultrapassada do século passado. E se for para ficar com o século passado, prefiro ficar com Gandhi, que enfrentou o Império Britânico e conquistou a indepedência da Índia, sem disparar um tiro sequer. Para ele existiam várias causas que valiam a pena morrer por elas, mas nenhuma que valesse a pena matar.
3 comentários:
E no Iraque de Saddam havia o real conceito de democracia de Rosseau,pq o Saddam era reeleito indefinidadmente com 100% dos votos sempre!!!
JB
Ah nao sabia disso ae, da bolivia e venezuela mas com certeza não concordei, democracia realmente esta longe disso, eh nitido essa jogada do lula, o povo eh massa d manobra e pt sempre trabalhou bem com isso, e sendo o povo a democracia ou seja ninguem sai do curral mas acho que ta exercendo cidadania, enfim, até a constituição ta dançando nessa.
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