quinta-feira, 11 de junho de 2009

Análise crítica de 007 "quantum of solace"

O agente secreto mais famoso das telas do cinema, representado pelo ator Daniel Craig, realmente surpreendeu a todos amantes da série. Quantum of solace, filme dirigido por Marc Forster, desagradou fãs mais tradicionais da série 007, mas conquistou os mais novos.

Primeiramente, nosso herói não usa mais aquelas armas incríveis, como por exemplo: um carro que lança foguetes, ou que vira submarino. Os vilões também não são mais os mesmos, não existe mais um plano mirabolante que põe em risco todo planeta, ou general comunista querendo lançar uma ogiva nuclear em algum país capitalista. Antigamente, James Bond era um garanhão, transava com duas, às vezes até três mulheres, agora nosso herói mal tem tempo para uma.

Depois do fim da guerra fria, eu pensava que os filmes do 007 deveriam ser transformados em filmes de época. Difícil imaginar o principal agente da coroa britânica sem seus inimigos comunistas. Mas acontece que encontraram uma solução surpreendente, contextualizaram o enredo a atual geopolítica e aos novos valores socioculturais.

James Bond não luta mais pela rainha, mas sim por vingança, não existe mais um pretexto ideológico. Não há mais glamour em ser agente secreto na sociedade pós-moderna, não há mais tempo nem espaço para isso. Além do mais, o novo 007 é sofre com o alcoolismo. Os inimigos agora são gângsteres pertencentes a uma organização criminosa e um ditador sul americano. Ao invés de possuírem um plano diabólico para destruir o mundo, ou uma arma letal, o conflito gira em torno de uma disputa de recursos hídricos e a construção de ducto de água da Bolívia até a Costa Oeste Americana. O filme é brutal assim como a realidade dos novos tempos.

Filmes como o 007 dão idéia sobre como está o panorama geopolítico mundial. Organismos internacionais informam que haverá um aumento nos conflitos mundiais envolvendo água potável . Se os EUA arrumam qualquer pretexto para roubar o petróleo do Iraque, imaginem se precisarem de um recurso essencial como a água? A construção de ductos de água entre países já é uma realidade em muitos países.

É dispensável dizer que a maior parte dos mananciais estão na América do Sul, e que corremos grande risco de uma sermos vítimas de uma ação militar com obejtivo de tomarem nossas reservas de água potável. Vejo com grande preocupação a questão ambiental no Brasil. Quando se trata de meio ambiente o Brasil enfrenta o velho paradigma do século passado: preservação ambiental versus desenvolvimento econômico, nossos governantes insistem em achar que o desenvolvimento econômico está dissociado à preservação ambiental, acontece que uma hora a natureza irá cobrar sua fatura e a devastação da natureza impossibilitará o progresso humano. O governo Lula, (ah sim, nessa história também falo de Lula) não se importa com a questão ambiental, tanto que o próprio enviou para o congresso nacional a MP 458/2009, legalizando a grilagem de terra na região amazônica, na sua visão imediatista e eleitoreira prefere tratar a Amazônia, possuidora da maior bacia hidrográfica do planeta, como mera fronteira agrícola do que arriscar perder alguns votinhos no norte e nordeste. O presidente mostra-se tão sensível às questões ambientais quanti George Bush.

Não possuímos uma política de governo em relação ao meio ambiente, questões como estas deveriam ser tratadas como política de Estado, assim como tratamos da estabilidade econômica. Há sim alguns méritos do governo, como preservar a política econômica antecedente, ampliou os programas sociais, já que sobram receitas em caixa, houve um significativo investimento no ensino superior e nas escolas técnicas federais. Mas não houve nenhuma mudança em termos estruturais, em políticas de governo e nas práticas da administração pública. O resto continua o mesmo: violência em alta, estradas ruíns, desmatamento em alta, hospitais públicos precários e corrupção mais despudorada do que nunca. Tratando-se de preservação ambiental, o Ministério do Meio Ambiente sempre perde na queda de braço para o Ministério da Agricultura, e não é por falta de bons ministros e sim de vontade política do chefe do executivo. O Brasil é o terceiro maior emissor de monóxido de carbono do mundo e o que fiazemos para mudar essa realidade? Batemos palmas, por que fazemos tudo por um temporário crescimento econômico, pois não há nação que prospere sem políticas públicas de longo prazo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Imagem Invertida


O professor universitário Víctor Hugo Cárdenas, líder da oposição ao governo boliviano, teve sua casa invadida por indíos partidários do Presidente Evo Morales. Sua mulher, filha de 16 anos e filho de 24 anos, foram apedrejados, espancados e chicoteados em praça pública.

A Assembléia Nacional Constituinte, aprovada recentemente no país, que foi votada sorrateiramente na calada da noite e apresentada pelo Presidente Boliviano por meio de um texto pronto, remonta a tradição de se reallizar tribunais comunitários, com as antigas punições indígenas. Nesses tribunais não existem a possilidade de qualquer recurso ou apelação.

Em nome desse pseudo nacionalismo socialista, que a família do principal opositor de Evo Morales foi linxada em praça pública e passou dez dias hospitalizada. Obviamente não faltarão defensores desta prática, já que a direita conservadora na Bolívia aplicava violência semelhante aos seus adversários, o exemplo mais recente é o Massacre do Pando em 2003, e inúmeros outros genocídeos já tratados aqui neste Blog.

É comum no imaginário político dos países da América do Sul, enxergar um governo ditatorial de esquerda como algo positivo, e que um governo de ditatorial de direita é algo prejudicial. Para os revolucionários, trata-se de uma questão estritamente ideológica, o que legitima um estado a censurar liberdade de expressão, impor castigos físicos, surprir o direito a vida e etc. Na Venezuela, tudo começou com um nobre ideal, e agora parlamentares Chavistas entram em emissoras de TV e espacam jornalistas ao vivo em rede nacional.

É indesejável dar tanto poder ao Estado, seja ele de direita ou esquerda. Não conheço nenhuma ditadura que não se iniciou com agumentos legítimos. Aos poucos são criadas leis que limitam o conteúdo dos programas de rádio e TV. Tudo que é contrário ao governo torna-se reacionário ou subversivo ( dependendo da inclinação ideológica do governo, seja mais para esquerda ou mais para direita). Depois limitam-se os poderes da república, fecham-se parlamentos, controlam o judicário. Quando você se dá conta do que fizeram, já estão na sua casa. Queimando os seus livros, detruindo seus discos e colocando um coturno bem no meio de seu rosto. Você não pode fazer nada, o estado controla do arcabouço de instituições democráticas que podiam te defender (judiciário, legislativo e a imprensa), se você não tivesse dado tanto poder a eles.

Se o poder corrompe, o poder ilimitado corrompe ilimitadamente. É perigoso incentivar essas práticas. O governo do presidente Lula frequentemente faz isso, diz que há democracia no governo da Venezuela e na Bolívia. Argumenta que a reeleição indefinida nesses países é legítima, pois foi aprovada por meio de referendo popular, que autorizava a realização de uma Assembléia Nacional Constituinte para deliberação da releição indefinida, além de outras supressões nos poderes judiciário e legislativo.

Bom se o raciocíonio do presidente está correto, então devemos considerar que o Iraque de Sadam Hussein era um país democrático. Sim, e por quê não? Uma repúlbica presidencialista com reeleição indefinida para presidente.

Um plebiscito não legítima esses países que se auto-denominam democratas, por que democracia pressupõe outros princípios básicos, como por exemplo: livre imprensa, poderes independentes, alternância de poder e respeito à dignadade da pessoa humana. Acredito que tanto o totalitarismo de esquerda como de direita são idênticos. Um é apenas a imagem invertida do outro em um espelho distorcido.

Recentemente, o PT lançou uma campanha para recolher assinaturas para realização de um plebiscito que trata da reforma política, através de uma Assembléia Nacional Constituinte Específica. O problema que se o tema for tratado por Constituinte, qualquer assunto relacionado a eleições pode entrar nesse texto, inclusive a reeleição indefinida. É assim que foi feito na Venezuela, Bolívia e Equador, e é assim que querem fazer aqui. É como se a população desse um cheque em branco aos políticos.

Pode parecer másculo, heróico, romântico e sedutor a imagem de um revolucionário, seja nas telas do cinema, ou para estampas de camisetas. Mas o que vejo é apenas o velho clichê do macho sul-americano, uma idéia ultrapassada do século passado. E se for para ficar com o século passado, prefiro ficar com Gandhi, que enfrentou o Império Britânico e conquistou a indepedência da Índia, sem disparar um tiro sequer. Para ele existiam várias causas que valiam a pena morrer por elas, mas nenhuma que valesse a pena matar.