sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

É Antônio Roberto ou é Hugo Chaves ?

É Antônio Roberto ou é Hugo Chaves?



                        O prefeito de Anápolis Antônio Roberto Gomide (PT) tem feito um governo regular, digo isto porque desde o último Governo de Anapolino de Farias a cidade não tem uma administração de verdade. Parece ser do cotidiano de qualquer prefeitura, pagar seus funcionários em dia, manter a cidade limpa e cuidar direito de suas praças e parques, mas não tem sido em Anápolis. É por isso que jovens cidadãos de nossa cidade, que  não conhecem nossa história, ficam desprovidos de parâmetro para  avaliar a administração municipal.

                        Porém, há um fato que vem me  provocado uma certa inquietação. Tudo começou com a troca dos postes de iluminação nas cores branca e vermelha. Poderia ser uma coincidência, preferi pensar assim na época.  Mas o tempo passou, e tive que ir ao “rápido” para tirar umas guias de IPTU, foi quando me deparei com uma simpática funcionária que usava um belo uniforme vermelho. Ainda assim, relutante, pensei que poderia ser outra coincidência, então segui o meu caminho. Passado alguns dias encontrei um velho amigo que trabalha na prefeitura, este me entregou um cartão de visita seu. De que cor?  Vermelho. Realmente fiquei angustiado, vermelho não faz bem para quem tem enxaqueca, resolvi então, fazer uma caminhada para relaxar, foi então quando me deparei com um cesta de lixo da prefeitura com o brasão de Anápolis, tendo  como cor de  fundo o vermelho, daí em diante não parou mais, onde eu via esse brasão estava lá o fundo vermelho, incluindo o site  da prefeitura na internet e outdoores.

                        É claro que não se trata de uma coincidência, todos nós sabemos que vermelho e branco são as cores do partido do prefeito, trata-se na realidade de propaganda partidária patrocinada pelos cofres públicos, ou seja, por nós contribuintes. O que contraria o disposto no art. 37 § 1º Constituição Federal,  a Justiça têm condenado prefeitos em todo país por condutas semelhantes a ressarcir os cofres públicos.

                          Os símbolos e a bandeira de Anápolis não possuem a cor vermelha, está latente a caracterização de promoção pessoal, já que Antônio Roberto Gomide é prefeito e virtual candidato às reeleições de 2012. Pode parecer exagero de minha parte, mas fomentar tal disparate, é o mesmo que fomentar o retorno de ideologias que culminaram nos regimes autoritários do século passado. Quem não se lembra da suástica nazista que Hitler ostentava sobre  a bandeira da Alemanha? E o que dizer da foice e do martelo da extinta União Soviética?  Por essas e por outras razões que ao perambular  pela cidade, não sei se caminho em Anápolis ou em Caracas.

domingo, 11 de abril de 2010

A . I . 5. da sua vida!

Em 01 de abril de 1964 na versão oficial, ou dia 31 de março de 1964 segundo a resistência, aconteceu o evento que marcou para sempre a história de nosso país, o "Golpe Militar". Particularmente, prefiro ficar com a versão oficial, afinal dia 1º de abril é conhecido como o dia da mentira, acho mais adequado aos idealizadores.


O momento culminante do Golpe militar que depôs o Presidente João Goulart do PTB, foi o ATO institucional nº 05, conhecido como AI5, que ocorreu em 1968, Redigido pelo ministro da justiça, o ato veio em represália à decisão da Câmara dos Deputados, que se negara a conceder licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado por um discurso onde questionava até quando o exército abrigaria torturadores ("Quando não será o Exército um valhacouto de torturadores?), e pedindo ao povo brasileiro que boicotasse as festividades do dia 7 de setembro. Determinava o referido ato várias supressões aos direitos e garantias individuais, dentre elas a liberdade de expressão (determinava que manifestações contrárias ao governo fossem consideradas subversivas), determinou o fim da liberdade partidária, cassou direitos políticos, restringiu a intimidade e a liberdade de muitos cidadãos, quebrou o sigilo telefônicos praticaram prisõe até sem mandados judiciais, alem de ter instituido a censura à imprensa.

Os direitos consagrados pelo art. 5º da Constituição Federal de 1988, são frutos de luta de milhares de brasileiros que fizeram parte da resistência, seja ela armada ou institucional. Muitos brasileiros foram torturados, mortos, perseguidos, perderam o emprego e represárias de todo tipo, um deles foi meu velho pai.

Tais direitos são considerados o mínimo que um cidadão pode ter, em face do poder de coação do estado. Especialmente sobre a liberdade de expressão e a inviolabilidade da intimidade. O estado em certas circunstâncias pode nos punir por motivos fiscais e de ordem pública, porém jamais poderá invadir a esfera dos nossos pensamentos, do direito subjetivo de discordarmos do rumo das políticas públicas, do direito de preservar nossa opnião, decidir em expressá-la ou guardá-la sem ter que dar satisfações. sendo responsabilizado em caso de calúnias ou qualquer invasão ao direito individual alheio. Porém quando optamos em permitir que o estado invada nosso direito de opnião, perdemos um dos poucos poderes que temos sobre ele, e fatalmente ocorrerão manipulações da verdade, e até excessos tais como castigos físícos, assim como ocorre nas monarquias absolutistas e nas ditaturas. Quem irá denúnciar tais trangressões se os meios de comunicação estão com as mãos atadas?

Entendo que nínguém é perfeito e livre de enganos, assim como na política até aos relacionamentos humanos. Ninguém pode ser considerado absolutamente dono da verdade. Todos nós temos pequenos segredos, escondemos coisas de nossos familiares, dos melhores amigos, até mesmo uma criança tem segredos. Não é razoálvel exigir que a vida seja um livro aberto o tempo todo.

Não obstante tudo isso, quando nos relacionamos com o sexo oposto frequentemente nos exigem que renunciemos aos nossos direitos, sobre tudo da liberdade, intimidade e liberdade de expressão. Acontece que certos consortes querem inspecionar as nossas mensagens de celular, nossas listas de e-mails, querem que fornecemos nossas senhas, controlar nossas amizades, até quando finalmente vem aquela pergunta clássica "O que você está pensando?

Como assim o que estou pensando? Se eu quisesse que outros soubessem provavelmente estaria falando ou escrevendo. Além do mais cadê meu direito inviolável a liberdade de pensamento? Será que aquela lutade de nossos pais pela liberdade e contra a ditadura dever ser renunciada por um relacionamento? Isso não seria introduzir um A.I. 5 na minha vida.? Não é razoável exigir que uma pessoa ceda a administração de sua vida a outra. Você não pode desistir dos meus sonhos, de discurtir os assuntos que gosta, renunciar dos seus pequenos prazeres, simplesmente por causa do desejo particular e egoístico de alguém, que acha que sua vida lhe pertence. Consiste numa violecência aos direitos humanos convencionados pela ONU, um desrespeito ao mínimo de direitos que temos nessa nossa pequena, frágil e passageira existência humana.













quinta-feira, 11 de junho de 2009

Análise crítica de 007 "quantum of solace"

O agente secreto mais famoso das telas do cinema, representado pelo ator Daniel Craig, realmente surpreendeu a todos amantes da série. Quantum of solace, filme dirigido por Marc Forster, desagradou fãs mais tradicionais da série 007, mas conquistou os mais novos.

Primeiramente, nosso herói não usa mais aquelas armas incríveis, como por exemplo: um carro que lança foguetes, ou que vira submarino. Os vilões também não são mais os mesmos, não existe mais um plano mirabolante que põe em risco todo planeta, ou general comunista querendo lançar uma ogiva nuclear em algum país capitalista. Antigamente, James Bond era um garanhão, transava com duas, às vezes até três mulheres, agora nosso herói mal tem tempo para uma.

Depois do fim da guerra fria, eu pensava que os filmes do 007 deveriam ser transformados em filmes de época. Difícil imaginar o principal agente da coroa britânica sem seus inimigos comunistas. Mas acontece que encontraram uma solução surpreendente, contextualizaram o enredo a atual geopolítica e aos novos valores socioculturais.

James Bond não luta mais pela rainha, mas sim por vingança, não existe mais um pretexto ideológico. Não há mais glamour em ser agente secreto na sociedade pós-moderna, não há mais tempo nem espaço para isso. Além do mais, o novo 007 é sofre com o alcoolismo. Os inimigos agora são gângsteres pertencentes a uma organização criminosa e um ditador sul americano. Ao invés de possuírem um plano diabólico para destruir o mundo, ou uma arma letal, o conflito gira em torno de uma disputa de recursos hídricos e a construção de ducto de água da Bolívia até a Costa Oeste Americana. O filme é brutal assim como a realidade dos novos tempos.

Filmes como o 007 dão idéia sobre como está o panorama geopolítico mundial. Organismos internacionais informam que haverá um aumento nos conflitos mundiais envolvendo água potável . Se os EUA arrumam qualquer pretexto para roubar o petróleo do Iraque, imaginem se precisarem de um recurso essencial como a água? A construção de ductos de água entre países já é uma realidade em muitos países.

É dispensável dizer que a maior parte dos mananciais estão na América do Sul, e que corremos grande risco de uma sermos vítimas de uma ação militar com obejtivo de tomarem nossas reservas de água potável. Vejo com grande preocupação a questão ambiental no Brasil. Quando se trata de meio ambiente o Brasil enfrenta o velho paradigma do século passado: preservação ambiental versus desenvolvimento econômico, nossos governantes insistem em achar que o desenvolvimento econômico está dissociado à preservação ambiental, acontece que uma hora a natureza irá cobrar sua fatura e a devastação da natureza impossibilitará o progresso humano. O governo Lula, (ah sim, nessa história também falo de Lula) não se importa com a questão ambiental, tanto que o próprio enviou para o congresso nacional a MP 458/2009, legalizando a grilagem de terra na região amazônica, na sua visão imediatista e eleitoreira prefere tratar a Amazônia, possuidora da maior bacia hidrográfica do planeta, como mera fronteira agrícola do que arriscar perder alguns votinhos no norte e nordeste. O presidente mostra-se tão sensível às questões ambientais quanti George Bush.

Não possuímos uma política de governo em relação ao meio ambiente, questões como estas deveriam ser tratadas como política de Estado, assim como tratamos da estabilidade econômica. Há sim alguns méritos do governo, como preservar a política econômica antecedente, ampliou os programas sociais, já que sobram receitas em caixa, houve um significativo investimento no ensino superior e nas escolas técnicas federais. Mas não houve nenhuma mudança em termos estruturais, em políticas de governo e nas práticas da administração pública. O resto continua o mesmo: violência em alta, estradas ruíns, desmatamento em alta, hospitais públicos precários e corrupção mais despudorada do que nunca. Tratando-se de preservação ambiental, o Ministério do Meio Ambiente sempre perde na queda de braço para o Ministério da Agricultura, e não é por falta de bons ministros e sim de vontade política do chefe do executivo. O Brasil é o terceiro maior emissor de monóxido de carbono do mundo e o que fiazemos para mudar essa realidade? Batemos palmas, por que fazemos tudo por um temporário crescimento econômico, pois não há nação que prospere sem políticas públicas de longo prazo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Imagem Invertida


O professor universitário Víctor Hugo Cárdenas, líder da oposição ao governo boliviano, teve sua casa invadida por indíos partidários do Presidente Evo Morales. Sua mulher, filha de 16 anos e filho de 24 anos, foram apedrejados, espancados e chicoteados em praça pública.

A Assembléia Nacional Constituinte, aprovada recentemente no país, que foi votada sorrateiramente na calada da noite e apresentada pelo Presidente Boliviano por meio de um texto pronto, remonta a tradição de se reallizar tribunais comunitários, com as antigas punições indígenas. Nesses tribunais não existem a possilidade de qualquer recurso ou apelação.

Em nome desse pseudo nacionalismo socialista, que a família do principal opositor de Evo Morales foi linxada em praça pública e passou dez dias hospitalizada. Obviamente não faltarão defensores desta prática, já que a direita conservadora na Bolívia aplicava violência semelhante aos seus adversários, o exemplo mais recente é o Massacre do Pando em 2003, e inúmeros outros genocídeos já tratados aqui neste Blog.

É comum no imaginário político dos países da América do Sul, enxergar um governo ditatorial de esquerda como algo positivo, e que um governo de ditatorial de direita é algo prejudicial. Para os revolucionários, trata-se de uma questão estritamente ideológica, o que legitima um estado a censurar liberdade de expressão, impor castigos físicos, surprir o direito a vida e etc. Na Venezuela, tudo começou com um nobre ideal, e agora parlamentares Chavistas entram em emissoras de TV e espacam jornalistas ao vivo em rede nacional.

É indesejável dar tanto poder ao Estado, seja ele de direita ou esquerda. Não conheço nenhuma ditadura que não se iniciou com agumentos legítimos. Aos poucos são criadas leis que limitam o conteúdo dos programas de rádio e TV. Tudo que é contrário ao governo torna-se reacionário ou subversivo ( dependendo da inclinação ideológica do governo, seja mais para esquerda ou mais para direita). Depois limitam-se os poderes da república, fecham-se parlamentos, controlam o judicário. Quando você se dá conta do que fizeram, já estão na sua casa. Queimando os seus livros, detruindo seus discos e colocando um coturno bem no meio de seu rosto. Você não pode fazer nada, o estado controla do arcabouço de instituições democráticas que podiam te defender (judiciário, legislativo e a imprensa), se você não tivesse dado tanto poder a eles.

Se o poder corrompe, o poder ilimitado corrompe ilimitadamente. É perigoso incentivar essas práticas. O governo do presidente Lula frequentemente faz isso, diz que há democracia no governo da Venezuela e na Bolívia. Argumenta que a reeleição indefinida nesses países é legítima, pois foi aprovada por meio de referendo popular, que autorizava a realização de uma Assembléia Nacional Constituinte para deliberação da releição indefinida, além de outras supressões nos poderes judiciário e legislativo.

Bom se o raciocíonio do presidente está correto, então devemos considerar que o Iraque de Sadam Hussein era um país democrático. Sim, e por quê não? Uma repúlbica presidencialista com reeleição indefinida para presidente.

Um plebiscito não legítima esses países que se auto-denominam democratas, por que democracia pressupõe outros princípios básicos, como por exemplo: livre imprensa, poderes independentes, alternância de poder e respeito à dignadade da pessoa humana. Acredito que tanto o totalitarismo de esquerda como de direita são idênticos. Um é apenas a imagem invertida do outro em um espelho distorcido.

Recentemente, o PT lançou uma campanha para recolher assinaturas para realização de um plebiscito que trata da reforma política, através de uma Assembléia Nacional Constituinte Específica. O problema que se o tema for tratado por Constituinte, qualquer assunto relacionado a eleições pode entrar nesse texto, inclusive a reeleição indefinida. É assim que foi feito na Venezuela, Bolívia e Equador, e é assim que querem fazer aqui. É como se a população desse um cheque em branco aos políticos.

Pode parecer másculo, heróico, romântico e sedutor a imagem de um revolucionário, seja nas telas do cinema, ou para estampas de camisetas. Mas o que vejo é apenas o velho clichê do macho sul-americano, uma idéia ultrapassada do século passado. E se for para ficar com o século passado, prefiro ficar com Gandhi, que enfrentou o Império Britânico e conquistou a indepedência da Índia, sem disparar um tiro sequer. Para ele existiam várias causas que valiam a pena morrer por elas, mas nenhuma que valesse a pena matar.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Quem sou eu?

A autodefinição é idéia pretensiosa, falamos mais do que gostaríamos de ser do que somos na realidade. Como diria Renato Russo: "Não sei quem sou, só sei do que não gosto."
Para mim isso já basta, munido desta informação, já procuro eliminar um monte de coisas prejudiciais na minha vida: (pessoas, objetos , atividades, manias e vícios). Certamente são coisas ou pessoas que não trouxeram nada de bom para mim. Na maior parte do tempo o que não faz bem, por consequência, faz mal. Nem que seja apenas pelo tempo perdido ... Pode parecer egoísmo, mas prefiro chamar amor próprio.
Cometo muitos erros, mas depois de percebidos eu assimilo o que deve ser aprendido e bola para frente. Estou pronto para os próximos erros. É assim porque a vida dói e se dói é porque estou vivo...Às vezes temos que fazer escolhas na vida. Postergar a escolha só traz mais sofrimento. Devemos ponderar sobre os novos caminhos, porém escolher brevemente. A ousadia elimina a dúvida. A dúvida frequentemente é confundida com insegurança e no mundo de hoje não há espaço para insegurança.
Quando ouço alguém falar demais de si e de suas supostas virtudes, lembro que não são as palavras que nos definem e sim nossas escolhas transformadas em ações. Então, meus caros, sem ação não somos nada. Escolha e siga em frente! Não que isso resolva todos os seus problemas, mas já é um problema a menos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Somos Bestiais!



Nesta quarta-feira todos ficaram chocados com a violência empregada pelos funcionários encarregados da segurança da concessionária de trens do Rio Janeiro. Aconteceu no terminal Madureiras. Os passageiros eram simplesmente espancados, esmurrados e chicoteados, para que fossem fechadas as portas dos vagões do metrô.

Toda a imprensa noticiou o caso, o Procurador Geral do Estado disse que a concessão poderá ser suspensa, caso fique comprovado o descumprimento contratual e desrespeito à Lei das Concessões. O parágrafo primeiro do artigo sexto da referida lei é claro. Cabe à concessionária prestar um serviço adequado que satisfaça as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade e cortesia na prestação do serviço. O presidente da Supervias afirma que é do conhecimento da empresa o ocorrido, mas que os funcionários já foram demitidos, e acrescentou que devido a greve dos ferroviários foi reduzido número de trens em circulação. No meio deste tumulto é comum ocorrer essas situações. O deputado federal vice-presidente da Comissão de Viação e Transportes, Deputado Carlos Santana (PT), coloca em xeque a eficácia da concessão do transporte ferroviário no Rio e defende que o serviço volte a ser estatizado. O ápice da indignação foi do presidente da OAB-RJ, afirmou que a conduta praticada por aqueles funcionários é crime e o Estado tem o dever de puní-los.

Para o Deputado petista vai minhas primeiras pedras, é simplismo acreditar que restatizando qualquer o serviço público teremos qualidade e eficiência. Basta olhar para os doentes morrendo nas filas dos hospitais, sentir a truculência e ineficácia da polícia, vivenciar o péssimo estado das nossas rodovias, a má qualidade das escolas, a ausência do saneamento básico. Enfim, seja serviço prestado pela concessionária, ou pela administração pública, dia a dia, a dignidade do brasileiro, que paga a maior carga tributária do mundo, é desrespeitada.

Para ilustrar o que quero demonstrar, um dia desses fui à CELG (Centrais Elétricas do Estado de Goiás), que é empresa pública, solicitar a instalação de energia elétrica da minha nova moradia. Atendido com desprezo e desinformação, parecia que eu não era bem vindo ali. Fui informado que a energia elétrica só chegaria em 48 horas. Perguntei senão podia ser mais rápido porque eu não queria ficar no escuro. Recebi uma negativa categórica e de resultado minha energia demorou 04 dias para ser instalada, serviço tão lento quanto o governador Alcides Rodrigues.

O Procurador Geral do Rio de Janeiro parece mais preocupado com aspectos contratuais entre a Concessionária e o Estado. Já o Presidente da Supervias trata o problema como corriqueiro e as demissões dos envolvidos basta. O Presidente da OAB/RJ foi o mais duro, sugerindo que a conduta praticada é crime. O problema das autoridades brasileiras é que acreditam que nós existimos para dar poder e direito a elas. Porém, no estado democrático de direito o que deve acontecer é o contrário. O povo é que empresta seu poder para as autoridades com a finalidade de representar e ampliar os direitos da comunidade.

Não foram apenas o Código Penal e a Lei de Concessões que foram desrespeitadas. Muito além disso vêm o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. É como se cada brasileiro honesto e trabalhador que volta para casa cansado do trabalho e do trânsito caótico tivesse sido desrespeitado e humilhado diariamente, visto que testemunhas alegaram ser praxe dos funcionários da Supervias tal selvageria.


Do que adianta 16 anos de crescimento econômico? Bolsa universitária (se os cursos estão distantes da realidade profissional), a bolsa família, eleições diretas? Se o Estado não respeita o elementar. Não tenho nada contra os impostos, taxas e etc. Acontece que como cidadão e contribuinte quero ver a contraprestação desse dinheiro. Para que serve todas essas conquistas? Se tenho que esperar mais de vinte quatro horas numa maca para conseguir vaga no hospital? O Presidente comemora seus números impressionantes e suas razões. Mas o que me importa? Se quando vou dar queixa de roubo na delegacia não sei se devo ter medo da polícia ou do ladrão. Não tem nenhum sentido desenvolvimento econômico sem o respeito a dignidade da pessoa humana. Crescimento do PIB entre 1% e 5% sem serviço público eficiente? Servidor público é o empregado do cidadão e não damos chicotadas no nosso patrão.

É esta e por outras que duvido se estamos mesmo no caminho certo. Sinto a cada dia que passa que nós nos tornamos mais bestiais. Lembrei de uma velha piada Britânica: sabe como se conhece um brasileiro em Londres? Quando ele corre para atravessar a rua e empurra uma idosa para subir no ônibus antes dela. Ou fazemos algo de concreto em relação a estes abusos, ou seremos tratados como bestas lideradas por uma anta.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

FHC pelo THC!


- Fernando Henrique Cardoso defendeu a descriminalização da maconha no encontro da Comissão Latino Americana sobre drogas e democracia. Argumenta que a repressão da polícia judiciária não têm apresentado resultados contra o crime organizado e nem diminuído o consumo. Ao contrário há um aumento de usuários, sobretudo de maconha. Defende a descriminalização do usuário e que passemos a cuidar do problema como um assunto de saúde pública e educação. A declaração foi um grande passo para discussão de nova políticas públicas para o combate do uso de drogas. A partir daí, políticos, ministros, autoridades, juristas debatem a questão.
- Historicamente a proibição do uso de entorpecentes é ineficaz, basta lembrar a lei seca americana, que proibiu a bebida durante a Grande Depressão de 1929. Não só os americanos não pararam de beber, como o contrabando de bebidas produziu um dos mais famosos gangsteres da história. Alphonsus Gabriel Capone (Brooklyn, Nova Iorque, 17 de janeiro de 1899Palm Beach, 25 de janeiro de 1947), mais conhecido como Al Capone.
- Tudo é muito evidente, quanto maior a repressão cada vez ocorrerão mais apreensões, havendo menos mercadoria disponível no mercado o preço vai às alturas. O aumento do preço estimula mais pessoas a traficar, que apesar dos riscos há um lucro maior. Com mais dinheiro o traficante pode comprar armas, subornar policiais e autoridades. Isso chama economia de mercado, ou seja, capitalismo mais precisamente. Está para nascer sistema econômico mais resistente que esse, pois ele renasce de suas crises.
- A guerra contra o tráfico não é uma guerra para ser vencida, é um ciclo que se renova a cada dia. Se o uso de drogas fosse legalizado, certamente será o golpe financeiro mais intenso e eficaz contra o crime organizado. Duvido que alguém arriscaria comprar droga de bandido, se a pessoa pudesse ter seu seu cultivo de maconha em casa, ou se pudesse comprar drogas num ponto de venda autorizado. Esse discurso que o usuário alimenta o crime organizado é falso. Quem alimenta o crime organizado é o estado com sua política de proibição e repressão.

- Infelizmente, setores conservadores da sociedade que não aceitam sequer discutir uma mudança na política anti-drogas. Sustentam que se discriminalizado ou legalizado o consumo aumentaria a níveis alarmantes, sobretudo entre os jovens. Outros, acredito eu, lucram bastante com a proibição, como policiais corruptos que recebem o suborno, parlamentares lobistas do crime organizado, magistrados. Basta lembrar os fatos citados no passado na pretérita CPI do narco-tráfico. Ora, as drogas e as armas do Comando Vermelho não são produzidos na favela, é óbvio que chegam lá com a conivência de setores do poder público.

- A solução do problema não é simples, deve haver um investimento maciço em informação e educação. As pessoas têm o direito de saber tudo sobre as drogas, as substâncias das quais são compostas, quais são as sensações do uso e os problemas de saúde que causam. Quanto ao argumento de aumento de usuários, caso haja um abrandamento na política de enfrentamento ou possível legalização, tenho que discordar. O cigarro é uma droga legalizada, certo? O consumo de cigarro teve um alto índice de redução nas últimas décadas. Por quê? Simples, os governos resolveram investir na educação e informação sobre os malefícios e doenças provocadas pelo cigarro. O gasto em repressão quem paga é o contribuinte, e essa repressão não têm obtido resultados. O preço que a sociedade paga é muito caro. Esse dinheiro poderia ser investido em escolas, hospitais e estradas. Outro mito é da dicotomia entre traficante e viciado. O traficante é sempre visto como um bandido com uma metralhadora na mão e o usuário um jovem ingênuo. Isso nem sempre é verdade, muitos adolescentes e jovens de classe média tornam-se traficantes para manterem o vício. Se o estado anda preocupado com o futuro da juventude, por quê, então, jogá-la na cadeia ? Como sabemos, não existe lugar mais seguro para consumir droga que uma cadeia brasileira. Além do mais o sistema carcerário brasileiro mais destrói do que recupera as pessoas.

- Desde os primórdios a humanidade tem contato com alucinógenos, psicotrópicos e estimulantes. Nas civilizações antigas as drogas serviam como instrumentos que possibilitavam encontrar suas divindades e lhes proporcionava autoconhecimento. O objetivo era a busca da evolução espiritual. Nesta jornada existia a figura do Xamã, líder espiritual que guiava as pessoas na jornada para o eu interior, era ele quem estabelecia os limites e orientava o uso dessas substâncias. O ser humano têm necessidade de fugir da realidade por meio de drogas , à vezes, essa fuga é normal e necessária, essa tradição nos acompanha por milênios. Acontece que o sentido espiritual desta jornada se perdeu nas sociedades ocidentais. A fuga constante ao contrário da esporádica é prejudicial, proporciona uma falsa sensação de felicidade e uma certa apatia em relação a vida, sem contar os incontáveis problemas de sáude.

- O ser humano nunca vai parar de se drogar, a proibição impede uma velha tradição antropologicamente falando, o surgimento de "xamãs", ou de pessoas que orientem e advirtam sobre o uso de certas substâncias. É preciso acabar com a hipocrisia de que é possível acabar com o uso das drogas entre nós. Basta visitar um bar, uma farmácia ou até mesmo um supermercado, que você verá quantos alucinógenos, psicotrópicos e estimulantes estão disponíveis legalmente no mercado. O possível é criar uma política de prevenção e educação, aí sim podemos reduzir o número de viciados, conscientizar as pessoas das vantagens de não se usar drogas e para aqueles que preferem fazer uso dessas substâncias, dar instrumentos para ajudá-los a entender os seus limites, os danos a sua saúde e fazê-los diminuírem ou até mesmo parar. Isso sem apontar uma arma na sua cabeça e colocar um par de algema em seus punhos.